07/02/2008

Cultura de Favela

Hoje aconteceu uma coisa estranha com uma de minhas irmãs, e isso me motivou a fazer esta postagem.
Vou relatar aqui mais para o final, mas antes quero fazer umas 'observações'.
Veja, não quero ser preconceituosa, mas alguém pode me dizer por que as pessoas que habitam a favela (qualquer favela) se auto-denominam 'Comunidade'?
Quer dizer, se você para e pensa vai notar que o pré-conceito vem de 'dentro'.
Por que eles são da 'Comunidade' ? Como se as outras pessoas do planeta que não habitam a favela fossem algum tipo alienigena que não faz parte da 'Comunidade'.
Se auto-excluem de um todo e fazem como se nós os excluissemos.
É claro que há excessões mas, estou falando aqui dos 'gerais'.
Uns tempos atrás assisti ao filme do BOPE, lembro de alguns detalhes marcantes referentes ao morro ( linguagem carioca que é a mesma coisa que a paulista Favela) onde na Narrativa de Capitão Nascimento, ele falava que não entendia essa mania que burguesinho babaca tem de subir o morro e ir praticar serviços comunitários (aja referencias a favela como Comunidade!)...olha me senti na pele do tal babaca, digo só 'babaca' ..pois burguêsa eu não sou.
Quando eu fazia minha especialização em ortopedia bucal, era importante para mim um intercâmbio profissonal.
Estava de todas as maneiras tentando me encaixar em uma equipe , queria algo interessante.
Para mim, interessante seria estar em alguma equipe que prestasse serviços em algum grande hospital público.
Lá eu teria oportunidade de participar de casos importantes.
O problema é que achar uma equipe de buco-maxilo com vaga é raro.
Tentei o Hospital Defeitos da Face, não consegui.
Tentei o Hospital das Clinícas, sem "QI" (quem indica) ,nada feito.
Tentei o Hospital da Escola Paulista de Medicina, consegui chegar a equipe deles, fiz contato e eles me deram a oportunidade de acompanhar alguns casos, apenas como espectadora, já que minha orientadora na especialização fazia parte da equipe principal do hospital.
Lá eles tem muitos casos de Lábio Leporino e pude acompanhar alguns, foi muito importante para mim aquela oportunidade.
Mas, aquilo foi uma gentileza e tinha tempo para acabar. E, ainda assim eu só participei como espectadora...eu queria atuar.
Tentei o Hospital Albert Einstein, também não tinham vaga mas, eles tem um trabalho comunitário e um posto de saúde do próprio hospital na favelaParaisópolis , favela esta que é tão grande que a prefeitura já esta querendo transformar em bairro!
Fora que lá há todo tipo de ação comunitária concentrado.
Bom, fui lá, conferi que não ia dar em nada pois o máximo que eu poderia fazer ali seria realmente ensinar a criançada a escovar os dentes e não serviria a meu propósito. Além do que, era somente mais um convite passageiro.
Agora é ai que volto ao assunto em questão, a favela e sua comunidade.
Paraisópolis foi minha primeira e única experiência em adentrar uma favela.
Na ocasião em que fui convidada pela organização do hospital a ir conhecer o centro comunitário deles , foram bem claros em dizer que mesmo que eu fosse de carro até lá, eu só entraria com a equipe, então delicadamente eles me disseram para ir até o hospital com meu carro e de lá seguir com a equipe em uma combi devidamente 'identificada'...já deu para entender , né?
Então percebi que aquilo não era legal e sinceramente não entendo até hoje porque as coisas funcionam assim. O melhor era esquecer aquilo, não era uma oportunidade que pudesse me fazer bem.
Outra situação , sempre vou ao Rio de Janeiro. Muitos anos e muitos amigos lá, nunca...eu disse nunca em minha vida eu dirige por lá sem ter alguém da região ao meu lado pois, desde a primeira vez lá meus amigos só me deram um conselho:
Cuidado para não cair numa favela!
Se eles que são de lá falam isso, quem sou eu para dúvidar?
E, hoje (agora vou contar sobre o fato envolvendo minha irmãzinha), Aline foi entregar uma encomenda de trabalho dela, o Biscuit Feliz e, seguindo as indicações dadas pela cliente, ela chegou em uma rua afunilada, com alguns obstáculos.
Óbvio que não seria possivel seguir adiante, então voltou um tanto e pediu informações para uma senhora que estava por ali.
A senhora explicou que ela estava no lugar que procurava mas que teria que voltar um bom tanto do caminho e seguir por uma alternativa, pois a 'COMUNIDADE' tinha fechado a rua !!!
Ela achou estranho mas , por bem melhor seguir as indicações da senhorinha.
Foi pela alternativa, chegou um ponto em que ela percebeu estar perto do endereço e virando uma rua ...faltava pouco...deu de cara com um 'aviso em um muro' , estava escrito assim:
"À partir desse ponto você esta sendo vigiado 24 hs, se tiver sorte você voltará"
Que é isso??!!
O_o

2 comentários:

Lunna Guedes disse...

A ideologia de comunidade é puro marketing, mostra que o governo se preocupa e que no próximo mandato vai fazer alguma coisa. Viva as diferentes formas de ilusões.
Bom fim de semana linda...

Hei, como faço para entregar as lãs para você?

Lunna Guedes disse...

Ah! Antes que eu me esqueça, quero que participe da blogagem coletiva "Eu gosto de ser mulher". Será no dia 01 de março e vamos mostrar as mulheres de ontem ou de hoje que fazem a diferença.
Beijos